O nosso campeonato de A a Z
ANTECIPADO
Com duas jornadas ainda por disputar do campeonato de 2013/2014 tomem lá que o Benfica é campeão antecipado. Uma graça destas já não acontecia há algum tempo. “Campeão antecipado”, coisa mais linda!
BIFANAS
A vandalização dos talhos do árbitro Manuel Mota terá sido, porventura, o momento mais carnal do campeonato. No entanto, o facto de não se terem apurado culpados transforma-o no momento mais espiritual do campeonato. Se não há carne não há matéria e onde não há matéria reina o espírito.
CHUVA
O boletim meteorológico anunciava fortes chuvadas para a tarde e noite de domingo. De manhã é verdade que ainda choveu um bocadito mas pelo final da tarde o céu apresentava-se muito pouco ameaçador. De manhã, enquanto chovia, ouvi muitos rivais a cantar hossanas a São Pedro. À tarde e à noite ouvi os mesmos rivais a rogar pragas não só ao Santo, que lhes falhou, como também ao Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que os enganou. Queriam chuva, imagine-se. Agarraram-se a tudo.
DEZOITO
Dezoito pontos foram cozidos no sobrolho de Jardel depois de um lance aparatoso com um colega, Enzo Pérez, nos primeiros minutos do jogo com o Guimarães na Luz. Apesar do ferimento, o nosso zagueiro cumpriu em campo impecavelmente com a cabeça envolvida numa touca de natação que lhe ficou a matar. Bravo, Jardel!
ENTREVISTA
Inexplicavelmente, nesta ponta final do campeonato, antes da grande decisão, nenhum órgão de comunicação social se lembrou de entrevistar o Bruxo de Fafe.
FECHA!
Continua acesa a discussão sobre a maneira de pronunciar correctamente o nome do nosso médio defensivo Fejsa. Uns garantem que se diz “Féjsa” outros que é “Feiça”, enfim só disparates. O modo correcto é “Fecha”. Vai Ljubomir, fecha! E que bem que fechou sempre.
GESSO
Salvio partiu um braço no jogo com o Olhanense. Já Sílvio tinha partido uma perna no jogo com o Az Alkmaar. O verdadeiro campeão é aquele que arrasta ternamente as suas tristezas na corrente poderosa da sua incomensurável alegria.
HISTÓRICO!
Bruno Cortez é campeão de Portugal.
INTÉRPRETE
Afinal, ao contrário do que agouravam os nossos extasiados rivais no arranque da temporada, não foi preciso recrutar um intérprete para que a mão-cheia de sérvios se entendesse com os demais colegas ao longo da época. E a prova disso mesmo chegou ao Marquês no momento em que Markovic, depois de uns adoráveis passos de dança com uma adepta felicíssima (pudera!), se virou para as câmaras e cantou num português claríssimo: “O Campeão Voltou! O Campeão Voltou!” Não se perdeu uma palavra.
JUBA
A juba que caiu do céu obrigou ao adiamento da recepção aos leões na 18.ª jornada. O Sporting vinha preparado com uma surpresa táctica mas a tempestade Stéphanie respondeu-lhe com uma surpresa técnica de grande efeito visual. 48 horas depois, voltou tudo à normalidade.
K
Última letra do nome do nosso jovem guarda-redes esloveno que se chama Oblak.
LITERATURA
“Não voltes às tuas fanfarronices, não voltes a falhar, mas também não sejas cobarde!”. Tropecei, em Janeiro, nesta frase num romance de Dostoievski, “O Idiota”, que vinha lendo desde o final do ano. Pensei que seria uma excelente frase para mandar imprimir numa faixa em letras muito grandes e pendurar no balneário do Benfica. Alguém o fez por mim, certamente. E resultou em cheio. Viva a Literatura!
MANEL
“Se não jogar o Matic, joga o Manel!”, disse o treinador em Janeiro. Riram-se. Mas a verdade é que o Manel foi muitas vezes chamado e respondeu sempre bem. Até foi ele quem marcou de forma soberba o golo que colocou o Benfica na final da Taça de Portugal mas como este espaço hoje é especialmente dedicado ao campeonato nada mais há a dizer sobre o assunto.
NATUREZA
A Natureza retomou o seu curso.
PEANERS
“Pressão? Isto para nós são peaners”, respondeu o treinador a um jornalista. O que, francamente, não é uma resposta, é uma constatação filosófica, uma declaração ao país. Depois da tirada dos “peaners” já poucos se atrevem a perguntar ao treinador se a equipa lida bem com a pressão.
QUIPROQUÓ
Entre o pessoal de Braga e Guimarães (nos jogos com os minhotos o campeão somou 12 pontos, fez o pleno, o que é de valor) está instalado um grande quiproquó. É que, apesar da benção papal, os dois emblemas andam por baixo. Os adeptos não se têm cansado de manifestar os seus respectivos desagrados. Também os presidentes do Guimarães e do Braga se têm manifestado, mas em bombas de gasolina sob a égide de Pinto da Costa. Nem assim a vida lhes tem corrido bem, o que é incompreensível.
OTORRINOLARINGOLOGISTA
Especialidade clínica que trata dos males dos ouvidos. Os nossos rivais mais assanhados lamentaram-se publicamente nos dias que se seguiram à decisão do título do excesso de ruído dos festejos benfiquistas que muito lhes ofenderam os tímpanos.
RENOVAVA
“Se acabasse o contrato ontem, renovava já com ele amanhã”, disse o presidente do FC Porto num preito a Paulo Fonseca depois da derrota dos ex-campeões na Luz. Renovaste? Não renovaste nada.
SIMPÁTICO
O Manuel Machado desde que fez as pazes com o Jorge Jesus está muito mais simpático.
TEIMOSO
Como é do domínio público, a continuidade de Jorge Jesus no Benfica nasceu da intratável teimosia do presidente do Benfica. Carrega Benfica!
UNUM
“E Pluribus Unum” é o lema do Benfica, um clube fundado em 1904 por órfãos e outros desfavorecidos da vida. Mas sabiam latim. “De Muitos, Um”, é o seu significado. Há momentos em que o nosso lema se explica a si próprio. O mais recente aconteceu no Marquês quando um polícia de serviço confundiu Jorge Jesus com um adepto vulgar em invulgar delírio e o quis pôr de ali para fora por razões de segurança. Feliz o clube que tem um treinador que se confunde com os adeptos. Feliz o treinador que tem um clube que com ele se confunde. Porque ambos são feitos da mesma massa popular e sem freio, genuína, meio-amalucada e gloriosa. Jorge Jesus no Benfica está em casa. “De muitos, um”, está tudo dito.
VINTE
Vinte pontos foi quanto o Benfica recuperou ao FC Porto numa dúzia de jornadas. Não é, no entanto, nada provável que a prova se encerre com esta distância entre os rivais porque na última jornada o Benfica, pela certa, vai ao Dragão selar o título com uma equipa de miúdos oriundos da formação. Não é falta de respeito pelos benfiquistas do Norte. É gestão.
WIKIPÉDIA
O SL Benfica conquistou o seu último título de campeão nacional na época de 2013/2014, no dia 20 de Abril de 2014, no Estádio da Luz, frente ao Olhanense (2–0) com dois golos de Lima. Este foi o 33.º campeonato do clube.
XISTRA
Não sei se terão reparado mas o árbitro Carlos Xistra, a quem coube tentar impedir, com a sua aselhice costumeira, que o Benfica festejasse o seu 33.º título no último domingo, não só nos roubou um flagrantíssimo penalty como também nos roubou a bola do jogo mal apitou para o fim. No dia seguinte vieram os jornais defender a gatunice do árbitro justificando o roubo do esférico perpretado nas barbas de Luisão. Dizem que o Xistra vai leiloar a bola do título do Benfica na sua terra em prol de uma instituição de caridade. Ou seja, vai fazer boa figura à nossa pala. O Benfica é muito mais do que um clube, é uma obra social.
YVES
Já dizia o estilista francês Yves Saint-Laurent: “As modas passam, o estilo é eterno”.
ZANDINGA
A vertente premonitória do presidente do FC Porto está, enfim, débil. Na semana passada garantiu aos portistas que, neste final de temporada, ainda iriam ter “razões” para festejar e apontou directamente à Taça de Portugal e à Taça da Liga. Bom, a Taça de Portugal já foi de vela, ou de trivela, como preferirem. Resta a Taça da Liga como “razão” e não “razões” para os festejos, o que soa até a auto-infligida-crueldade. Como a meia-final da Taça da Liga a disputar com o Benfica foi patrioticamente marcada no meio dos jogos com a Juventus é mais do que provável que, com todo o respeito pelo Rio Ave, o FC Porto conquiste, finalmente, o tão desapreciado troféu. Por mim, nada a obstar.