Não há muitos jogadores com a garra do Maxi pois ele representa a 'força, o querer a ambição' de tornar o Benfica campeão deu hoje uma entrevista ao Record que aqui transcrevo destacando as partes que considero mais interessantes:
RECORD – Ainda acredita verdadeiramente que é possível o Benfica chegar ao título?
MAXI PEREIRA – Sim, claro que acredito que vamos ser campeões. A esperança é a última coisa a morrer. Ainda nos faltam realizar muitos jogos no campeonato. Estamos com muita fé que conseguiremos atingir os objetivos, os quais passam pela conquista do bicampeonato. Sabemos que a qualquer momento a diferença de 8 pontos em relação ao FC Porto pode diminuir, mas para que isso aconteça estamos proibidos de cometer erros.
R – Não lhe passa, assim, pela cabeça falhar a revalidação do cetro nacional?
MP – Não nos passa pela cabeça falhar o objetivo traçado, ou seja, o título. Continuamos com a esperança que tínhamos no início do campeonato. A única coisa diferente é que temos uma menor margem de erro comparativamente ao FC Porto. O melhor que temos a fazer, e é isso que vimos realizando, é pensar num jogo de cada vez, é amealhar os três pontos em cada partida que disputamos. Só assim conseguiremos atingir a meta a que nos propusemos.
R – Jorge Jesus é o treinador ideal para dar a volta à situação?
MP – Sim, para mim é óbvio que a solução já se encontra dentro do clube. Não sei se as coisas iam mudar se o Benfica fosse em busca de outro treinador, não sei se essa seria a melhor solução. Não acredito muito nessa ideia. O treinador que cá está conhece perfeitamente os jogadores e vai extrair o máximo potencial de todos eles. Penso que ele vai levar o Benfica novamente ao título. Já o fez uma vez...
R – A primeira etapa surge já hoje, diante do Rio Ave, um encontro em que está proibida qualquer escorregadela. O que espera desse jogo?
MP – Esperamos uma partida bastante difícil. O Rio Ave tem vindo a demonstrar que possui uma boa equipa e costuma complicar a vida aos adversários. Precisamos de ter cuidado com os seus atletas mais importantes. E, claro está, necessitamos de pensar em nós próprios, pois jogamos sempre para ganhar. O mais importante é a forma como conduzirmos a partida. Queremos fechar 2010 com uma vitória!
R – Hulk tem sido considerado a grande estrela da Liga. É ele que tem feito pender as coisas para o lado do FC Porto até ao momento?
MP – Obviamente que Hulk é um jogador muito importante, tem vindo a demonstrá-lo todos os jogos. É um grande jogador e, claro, o FC Porto tem colhido frutos dessa situação. No entanto, penso que o FC Porto não se restringe a um jogador. Tem uma grande equipa e está a fazer bem as coisas. Todavia, como em tudo na vida, a qualquer momento pode cair e, então, teremos de nos apresentar fortes para aproveitar essa oportunidade.
R – O Benfica diz-se prejudicado pelas arbitragens. Esse fator pode ter contribuído para a equipa não ter a pontuação que devia ter?
MP – Não gosto de falar sobre as arbitragens. Deixo para os jornalistas a missão de analisar se deviam ou não ter marcado um penálti a nosso favor. Dentro de campo só temos que fazer aquilo que nos é exigido e deixar o árbitro decidir em conformidade. Nenhum jogador pode decidir o que quer que seja após o árbitro ter apitado um lance. Enfim, não quero debruçar-me sobre essa matéria. Temos é que fazer as coisas da melhor maneira que sabemos e jamais pensar se estão ou não a ajudar a equipa adversária.
R – Jorge Jesus afirma que o Benfica só está a 8 pontos do FC Porto por não lhe marcarem penáltis a favor. Concorda com a visão do treinador?
MP – Não sei, não quero entrar nesse tema.
R – Sente-se frustrado por ter saído muito rapidamente da Liga dos Campeões?
MP – Sim. Tínhamos uma grande ilusão no que toca à Liga dos Campeões, pensávamos que íamos chegar mais longe nessa prova. Mas o futebol é mesmo assim. Não fizemos aquilo que devíamos ter feito, ou seja, amealhar alguns pontos fora de casa, o que nos permitiria alcançar o apuramento. Isso era o mais importante. No entanto, isso já faz parte do passado, não nos vai valer de nada continuar a pensar na situação.
R – O Benfica chegou a ser considerado um candidato à conquista da Champions. Não achou isso exagerado?
MP – Nós tínhamos muita confiança na passagem à fase seguinte da Champions. Acreditávamos que podíamos fazer melhor as coisas, mas a verdade é que acabámos por cometer erros que não são normais na nossa equipa. Ora, a Liga dos Campeões não perdoa esse género de coisas.
R – O embate de Telavive foi o pior momento, certo?
MP – A exibição que realizámos diante do Hapoel nada teve a ver com o resultado final. Dispusemos das melhores oportunidades ao longo dos 90 minutos e eles marcaram nas três vezes que chegaram à nossa baliza. Portanto, o resultado de Telavive é totalmente falso.
R – Considera mesmo possível ganhar a Liga Europa?
MP – Sim, acho que é muito possível conquistarmos a Liga Europa. Temos o exemplo do que sucedeu com o Atlético Madrid na edição passada da prova. A equipa madrilena também não realizou uma boa carreira na Liga dos Campeões, mas acabou por arrecadar a Liga Europa. Poder-lhe-ia dar muitos exemplos deste género. Acreditamos mesmo que podemos realizar uma boa carreira nesta prova.
R – A Liga Europa é considerada uma competição “menor” comparativamente à Champions. A motivação da equipa vai ser a mesma?
MP – O futebol é isso mesmo. Não conseguimos cumprir os objetivos na Liga dos Campeões, mas existem mais metas para atingir. A Liga Europa também é um torneio muito importante. É óbvio que o nosso principal objetivo era chegar o mais longe possível na Champions, mas como já nada há a fazer quanto a esse capítulo a nossa meta agora é ganhar a Liga Europa. Parece-me que temos um grande grupo, uma equipa para chegar longe nessa competição.
R – Este plantel é mais fraco do que o da época passada?
MP – Não! O grupo é o mesmo da época passada. Existiram jogadores que saíram em consequência da grande época que realizaram, mas no cômputo geral o grupo é o mesmo, continua a ser forte. Não iniciámos bem o campeonato, todos nós temos consciência disso, mas o grupo e o balneário continuam fortes e isso vai ser demonstrado dentro de campo. Posso, portanto, afirmar que o plantel não está mais fraco.
R – Sente falta de Ramires, o seu companheiro de flanco na época passada?
MP – É óbvio que o Ramires foi um jogador importante para o Benfica no ano passado, por isso mesmo foi contratado pelo Chelsea. Mas temos outros jogadores que cumprem o seu trabalho da melhor maneira e... talvez até melhor.
R – Considera, então, que a saída de Ramires foi bem colmatada?
MP – Penso que sim. Os jogadores que estão cá foram escolhidos pelo treinador, pelo presidente. Estão aqui por terem feito o melhor em prol do Benfica. Daí estarem neste clube, o que já não é pouca coisa. Por vezes há que aguardar um pouco mais de tempo em relação a alguns jogadores. Todos eles estão aqui porque têm qualidade, ninguém lhes ofereceu nada.
R – O Roberto demorou a adaptar-se a Portugal. A equipa sentia que ele estava em dificuldades no princípio do campeonato?
MP – Sabíamos o que estava a acontecer por tudo aquilo que as pessoas falavam, pelo que ia saindo nos jornais. O mais importante era a forma como o nosso balneário se interligava com ele. Demos-lhe sempre o maior apoio que podíamos, sendo essa uma situação extensível ao corpo técnico, dirigentes, presidente e companheiros. Foi isso que o fez “entrar em jogo” diante do V. Setúbal. Conseguiu defender o penálti e, a partir daí, encontrou o nível que realmente tem. Sentimo-nos muito tranquilos com ele na baliza, pois é um excelente guarda-redes.
R – O Falcão também está a assinar uma grande época, coroada com a obtenção de muitos golos. Trocava o Cardozo pelo Falcão?
MP – Não, não. Prefiro ficar com o Cardozo, não o trocava. O Cardozo já nos deu muitas alegrias e vitórias. Escolherei sempre quem está no Benfica.
R – Sente que em termos físicos está a pagar a fatura da presença no Campeonato do Mundo?
MP – Falou-se muito dos jogadores que regressaram mais tarde do Mundial, argumentou-se que lhes faltaria um pouco de preparação física. A verdade é que me sinto igual à temporada passada. Sinto-me bem! Acho que quando as coisas não correm como se esperava começam logo a falar de assuntos laterais, começam logo à procura de desculpas.
R – Qual é o seu maior desejo desportivo para 2011?
MP – Que o Benfica atinja os objetivos. O mais importante é a revalidação do título. Além disso, quero chegar o mais longe possível nas outras competições.
R – E extrafutebol?
MP – Pretendo que a minha família tenha muita saúde, isso é o mais importante.
R– Luisão diz que o Benfica não precisa de reforços, pois tem um grupo bom. Concorda com a análise dele?
MP – Claro que sim. Tal como disse há pouco, o grupo é quase o mesmo do ano passado... em que nos sagrámos campeões. Quanto à questão ela própria, quem tem de decidir são os dirigentes, o corpo técnico e o treinador. Quem vier será sempre bem-vindo.
R – Sabe quem são Funes Mori e José Luis Fernández, os nomes de que tanto se tem falado?
MP – Já vi alguns jogos em que eles participaram, portanto conheço-os. Se o Benfica fixou os olhos neles é porque têm qualidade. São grandes jogadores.
R – Diz-se que Aimar pode estar de regresso ao River Plate. Neste momento imagina o Benfica sem o Aimar?
MP – Não, não imagino. Ele é um jogador muito importante para nós. Espero que continue por muitos anos no Benfica. Sinto um enorme gosto de jogar com ele. Oxalá continue por aqui!
«Desejo terminar a carreira no Uruguai»
R – Como se encontra a sua situação no clube? Está ou não de saída?
MP – Tenho contrato com o Benfica. Leio e escuto muita coisa na comunicação social, mas em termos reais nada há. A única realidade é que tenho contrato com o Benfica.
R – Está disposto a ficar mais anos na Luz?
MP – Claro. Sinto-me bem aqui. Há poucos clubes tão grandes como o Benfica.
R – Imagina-se a ficar para sempre no Benfica ou pensa um dia regressar, por exemplo, ao Defensor Sporting?
MP – Neste momento não penso em sair do Benfica, até por ter mais um ano e meio de contrato. Quero respeitar o contrato e depois logo se vê. Está claro que desejaria terminar a minha carreira no Uruguai, pois foi lá que tudo começou.
R – Até já chegou a falar-se do Barcelona. Não se sentiria tentado a embarcar no projeto de um outro clube europeu?
MP – Às vezes fala-se de coisas que não correspondem à realidade. Como já disse, há poucos clubes como o Benfica. Sinto-me bem aqui.