Crónica de hoje da Leonor Pinhão
(O paragrafo incomodo é o que está a negrito e sublinhado, muito certeiro!)
O Duque! O Duque! Ponham já o Duque a funcionar!
É normal. Os impérios nascem, crescem e morrem. Mas há impérios que morrem mais do que outros. Reza a História que o estertor de alguns impérios produz singulares curiosidades.
Confiando no que nos relatam os jornais, a crise no BES, o desmoronamento da PT e o periclitante estatuto da Olivedesportos, provocaram uma aflição de tal monta no nosso futebol que houve necessidade, obviamente, imperiosa de erigir uma nova ordem para fazer face ao caos.
Reuniram-se, portanto.
Que fazer, amigos?
Alguém gritou:
- O Duque! O Duque! Ponham já o Duque a funcionar!
Dito e feito. Vem aí uma Liga para durar séculos. Ou, pelo menos, outros trinta anos. No fundo, é o que se quer.
O melhor do Benfica esta semana.
Em 1.º lugar: os três golos do Jonas na Covilhã e o Jonas propriamente dito.
Em 2.º lugar: Gonçalo Guedes na Covilhã, a jogar, e Gonçalo Guedes no Seixal, a sair de um táxi a toda a brida para seguir viagem para o Mónaco com os adultos.
Em 3.º lugar: o ponto sofridamente conquistado no Mónaco dá uma esperança ténue de qualificação para a Liga Europa, que é a nossa praia. Mesmo assim está a coisa muito difícil. Perder em casa e não ganhar fora é no que dá. A ideia de um Benfica só para consumo interno entristece.
Na Taça de Portugal vamos em frente. Nesta eliminatória caiu um candidato forte. Pela segunda vez consecutiva Marco Silva foi ganhar na casa do FC Porto e “adiós” Copa de Portugal.
A segunda parte do jogo no Dragão arrancou de modo inaudito com os donos da casa a falhar dois penáltis de rajada.
Ao primeiro, apontado com o pé por Jackson Martinez estando a bola na marca dos 11 metros, respondeu Rui Patrício com uma estirada majestosa. Ao segundo, apontado de cabeça por Marcano, respondeu Rui Patrício com outra estirada categórica impedindo o golaço.
Pouco depois houve ocasião para uma terceira grande penalidade mas Jorge Sousa entendeu não apontar para o castigo máximo depois de ajuizar aquele segundo em que o braço de Jonathan Silva desviou a trajetória da bola dentro da área dos visitantes.
Está encarregue o árbitro de interpretar se há ou não intenção do jogador, exercício impossível visto que não se pode exigir a ninguém capacidades do foro paranormal ao ponto de saber ler o que vai na cabeça dos jogadores no que diz respeito a intenções.
O árbitro-mentalista ainda não foi nem nunca será inventado. E ainda bem porque com árbitros-mentalistas, ou seja com árbitros aptos a ler os pensamentos dos jogadores, poucos jogos chegariam ao fim por falta de material, à força de expulsões não por “palavras”, nem por “actos”, mas pela penalização de “pensamentos” de índole grosseira, quando não insultuosa.
Quanto a mim, que faço parte do público, estes momentos de dúvida que ocorrem sempre que uma mão e uma bola se encontram dentro da área, resolvo-os de maneira simples:
- Se o mesmo lance tivesse acontecido fora da área era ou não era falta?
Se era falta fora da área então é porque dentro da área tem de ser penálti. E vice-versa.
Sabemos como pesa de modo diferente a decisão de apontar uma falta fora da área (peso-leve) e a decisão de apontar para uma grande penalidade (peso-pesadíssimo). Terá sido por isso que Jorge Sousa, no papel de árbitro-mentalista, leitor dos pensamentos de Jonathan Silva, entendeu não marcar penálti contra o Sporting quando, provavelmente, não teria hesitado em castigar com uma falta um lance idêntico que tivesse ocorrido a meio do campo.
Esta, portanto, é a minha interpretação benévola da não menos interpretação benévola que o árbitro fez do lance de Jonathan Silva na sua área. Leu-lhe os pensamentos e considerou o momento como fruto da casualidade e não da intenção.
Há, no entanto, quem tenha outras interpretações sobre os motivos que levaram o árbitro Jorge Sousa a poupar uma grande penalidade contra o adversário do FC Porto e logo na casa do Dragão, o que não é propriamente o pão nosso de cada dia das últimas décadas.
Correm duas teorias sobre o assunto.
A primeira está infetada de clubismo. Jorge Sousa não apontou para a marca de grande penalidade porque não suportou a eventualidade de um segundo falhanço de Jackson Martínez na cara de Patrício o que acarretaria forte contributo para a desmoralização do avançado colombiano que é, de longe, o melhor jogador da equipa. Trata-se de uma teoria, a meu ver, desprezível. Adiante.
A segunda teoria, a meu ver, já não é assim tão desprezível ainda que seja mais rocambolesca do que a primeira. Cá vai ela:
Terá caído mal a Jorge Sousa, embaraçando-o ao ponto de se recusar a marcar uma segunda grande penalidade contra o Sporting, o excessivo realismo das imagens divulgadas do convívio da Batalha, na véspera do jogo, evento de índole pedagógica que reuniu Pedro Proença, o Super Árbitro, e Fernando Madureira, o Super Dragão.
Tudo isto aconteceu sob o alto patrocínio da celebérrima APAF (Agremiação de Pavoneio do Azeite Forrobodó) a quem coube organizar o 13.º Encontro do Empreendedorismo Jovem, porque de pequenino é que se torce o pepino.
Na Batalha, com tanto “flash” a disparar para si, Pedro Proença encadeou-se e, contra aquilo que era a sua intenção, acabou por obrigar Jorge Sousa a desfavorecer o FC Porto ao proclamar a sua satisfação pelos elogios recebidos da parte do Jovem Empreendedor Madureira.
- Não é normal um árbitro ver o seu trabalho aplaudido por um chefe de claque!
- Oh, falsa modéstia! Oh grandíssima falsa modéstia! – terá pensado Jorge Sousa e por isso não apontou para a marca da grande penalidade. Há limites, caramba!
O Maicon é que se fartou de rir.
Pelo que se viu o Sporting é a mais recente vítima da maldição do Guttmann.
Pois se foi com a maldição do Guttmann que a nossa patriótica comunicação social justificou ao país a derrota do Benfica na última final da Liga Europa, só pode ter sido a sobredita maldição que, anteontem, impediu o Sporting de golear o Schalke 04 na Alemanha.
Pois é. Temos pena.
A minha simpatia pelo jogador Rúben Amorim, que não é menor do que a simpatia que nutro pelo cidadão Rúben Amorim e pelo benfiquista Rúben Amorim, leva-me a não o condenar pela presença no 13.º Encontro do Empreendedorismo Jovem organizado pela Agremiação de Pavoneio do Azeite Forrobodó.
Rúben Amorim, que está a recuperar de uma lesão complicada, deslocou-se à Batalha na condição de para lá mandado pelo Benfica que, certamente, entendeu ser dignificante para as suas cores a presença de um seu representante na já referida soirée em prol da educação dos Empreendedores Jovens da dita APAF
Caro Rúben, apenas um reparo: da próxima vez que alguém lhe pedir para ficar numa fotografia tenha o cuidado de, pelo canto do olho, verificar a constituição completa do plantel.
Caro Benfica, apenas uma questão: será que por este andar ainda te vamos ver, um dia destes, na mesma barricada estratégica da grande macacada no dealbar de uma guerra para eleger um presidente da Liga?
Reparem como trato o Rúben Amorim, que não conheço, por você e como trato o Benfica por tu. Não é falta de respeito pelo maior de Portugal.
Eu digo:
- Carrega, Benfica!
Não digo:
- Carregue, Benfica!
Trato o Benfica por tu, passe o exagero, desde que nasci. Assim vou continuar até ao fim e recusando-me a colaborar nas festas da APAF. Há milhões iguais a mim, acho eu.