Crónica de hoje da Leonor Pinhão
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra
Alemanha, Estados Unidos e Gana são os adversários de Portugal na fase de grupos do próximo Mundial.
Perdi a aposta que fiz comigo. E, por a ter perdido, quase posso jurar que o sorteio foi limpo, ao contrário do que se sussurra um pouco por todo o mundo, aquele mesmo mundo onde as teorias da conspiração têm altar próprio e devotos inabaláveis.
Não deixa de ser verdade que a boa estrelinha da França causou inveja nos cinco continentes. Mas partir daí para a conclusão de que Michel Platini tem super poderes, parece-me para o exagerado.
Antes de o sorteio se efectuar, em Salvador da Baía, apostei tudo na certeza da viciação do dito sorteio porque tinha para mim, inabalável, que Portugal cairia no grupo da Argentina. E porquê?
A FIFA, a NASA, o FMI, Hollywood e a banca mundial não poderiam deixar passar a oportunidade, raríssima, do frente-a-frente Cristiano Ronaldo-Lionel Messi, no esplendor das suas respectivas formas, no palco de um Campeonato do Mundo sob todos os holofotes do planeta.
Quanto renderia só no grande mercado audiovisual uma coisa destas?
Nem Messi nem Ronaldo vão para novos e quem sabe se no Mundial que se seguirá ao do Brasil, em 2018, estarão os dois aptos ou com disposição para o evento?
Era agora ou nunca. Argentina e Portugal juntos no mesmo grupo no arranque da competição, jogando pelo seguro os manipuladores do sorteio, já que, caindo em grupos diferentes, seria muito incerto que as duas selecções se viessem a encontrar.
Foi com grande desapontamento que, assistindo ao evento, reconheci que nos tinha calhado a Alemanha e não a Argentina. Uma pífia, Alemanha, imagine-se… Quando bom, genial mesmo, seria a Argentina de Messi. Seria bom para biliões de telespectadores em todo o mundo e seria genial para o negócio. Ou duvidam?
Posto isto, concluo que o sorteio da FIFA foi limpíssimo. Com muita pena minha, porque também aprecio uma boa teoria da conspiração.
Quem é que não gosta?
Alemanha, Estados Unidos e Gana. Conhecendo o que a casa gasta, diria que é preciso ter muito cuidado e grande concentração no jogo com o Gana, o adversário mais difícil do nosso grupo visto que é o capaz de melhor pôr em evidência um dos nossos piores e mais trágicos defeitos: a sobranceria.É que, ouvindo-vos falar, até parece que já ganhámos aos ganeses.
Perante as manifestações nacionais de optimismo desenfreado no que respeita ao resultado do jogo com o Gana no próximo Verão, no Brasil, lembrei-me imediatamente do caso de Matic em Vila do Conde, quando o resultado já estava escrito, fazendo o sérvio de propósito para levar com um cartão amarelo, certamente porque o jogo seguinte, era com o Arouca, tinha tal grau de facilidade que lhe dispensava os préstimos. Foi assim que entendi a mensagem: o jogo com o Arouca não era importante.
Penso que, pelo contrário, o jogo com o Arouca era muito importante. Gostaria muito de acreditar que, nesta edição do campeonato, o Benfica vai voltar a ter jogos tão importantes como foi o de sexta-feira passada com o Arouca.
Voltemos a Vila do Conde.
O momento em si, Matic forçando o cartão amarelo, poupando-se para jogos mais importantes - já que o Arouca, enfim, é o Arouca -, transportou-me para o final da temporada passada.
Precisamente para aqueles momentos de euforia no Funchal, festejando por antecipação um título quando ainda faltava para o garantir, ganhar pelo menos ao Estoril-Praia no Estádio da Luz.
Na última jornada, com tanta ilusão de grandeza, o Benfica comportou-se como uma equipa pequena. Não aguentou a pressão de sem primeiro. Ou de ser segundo, como queiram. Terá sido por isso?
Para o Benfica, também à sua maneira fidalgo, se calhar, ser líder é ser primeiro mas ser primeiro é tão somente estar sozinho no topo da tabela. Não pode haver misturas, nem lideranças bicéfalas como na política.
Vai daí e trata de andar para trás.
É a única explicação plausível.
O Sporting é o líder isolado do campeonato porque ganhou em Barcelos por 2-0, com dois golos regulares de Freddy Montero.
Nas últimas edições da prova houve sempre intrusos na discussão pelo acesso à adorada Liga dos Campeões. Por três vezes coube ao Sporting de Braga desempenhar esse papel e, na época passada, coube a um sensacional Paços de Ferreira surpreender tudo e todos com um terceiro lugar altamente conseguido em função das disfunções dos demais concorrentes.
Ajuizadamente, os sportinguistas combinaram todos entre si jamais dizerem que a sua equipa é candidata ao título. Fazem bem. Nem o Sporting de Braga de 2009/2010, que discutiu o título até ao fim com o Benfica, se atreveu a assumir-se cedo como candidato, preferindo proteger-se com o bem mais leve estatuto de “outsider”.
No entanto, este ano, toda a gente leva a sério o Sporting, incluindo, naturalmente, os sportinguistas. E ninguém acredita que ao Sporting de Leonardo Jardim satisfaça, saldadas as contas, ser apenas olhado pela História como o “Paços de Ferreira de 2013/2014” ou como o “Braga de 2010/2011” que até foi finalista da Liga Europa, o que não é para qualquer um.
Voltemos à actualidade.
As três últimas jornadas do corrente campeonato foram riquíssimas em golpes teatrais, sendo que todos se espalharam pelas tábuas, menos o Sporting. Por isso vai à frente e quando olha para o lado não vê ninguém.
Um dos argumentos científicos para explicar a boa temporada em Alvalade aponta para a ausência de jogos das competições europeias como factor da estabilidade e da boa saúde da equipa. Menos jogos, mais treino. Menos viagens, mais treino. E, sobretudo, mais descanso quando a temporada se aproxima do meio.
O futebol é no presente e o que lá vai, lá vai. Esta é uma chamada de atenção para os meus companheiros benfiquistas.
Amigos, se a coisa correr mal este ano, esperamos que não aconteça, não me venham dizer que para sermos campeões em 2013/2014 devíamos ter ficado em 7.º lugar na época passada para não irmos à Europa cansarmo-nos e para, muito principalmente, fazermos uma aposta enérgica e decidida nos jovens talentos da nossa formação.
Nem tanto ao mar, nem tanto à terra
Enzo Pérez apanhou um jogo de suspensão por ter simulado gestualmente que os ponteiros do relógio do árbitro Rui Costa estavam a precisar de manutenção técnica. Aconteceu já em período de descontos quando os jogadores do Benfica desesperavam por fazer em 4 minutos aquilo que não fizeram em 90.
O castigo fará a sua jurisprudência, naturalmente.
Este ano já ficámos a saber que cuspir num adversário vale um jogo de suspensão, pena igual à de rodar a mão para o árbitro e para as câmaras de televisão.
Nenhuma equipa portuguesa conquistará esta Liga dos Campeões na final marcada para o Estádio da Luz.
Paciência.
E, ao mesmo tempo, uma certa dose de alívio atendendo às mais recentes tendências.
Emitir através do sistema sonoro do estádio, e bem alto, o Hino da “Champions” antes de cada jogo do Benfica para o campeonato nacional talvez seja a solução tipo ovo de Colombo para a desgraça que, há anos, vem afectando o nosso emblema: a série de títulos perdidos nos jogos em casa é, admitamos, uma vergonha.
Só nesta temporada, já lá vão 4 pontos com os primodivisionários Belenenses e Arouca.
Na temporada passada, foi o que foi. Na anterior, a mesma coisa.
É tocarem-lhes o Hino da “Champions” nos jogos de trazer por casa. Pode ser que resulte. Na terça-feira, contra o PSG, a motivação esteve bem à vista de todos ainda que o jogo fosse para cumprir calendário.
Benfiquistas e portistas terão muito com que se entreter nos próximos dias, atirando uns aos outros a ignomínia de uma eliminação precoce na prova que é rainha na Europa.
Já ouvi isto de um portista:
- Pois, o Roberto não abriu o galinheiro e vocês foram à vida.
E logo ouvi a retorquir:
- Oh pá, se não fosse o Hulk falhar aquele penaltizinho contra o Porto vocês nem à Liga Europa iam.
Maldades.
Ironicamente bem dito !!!
ResponderEliminarGostei, Leonor Pinhao no seu melhor .
o blog está pesado e dá erro de vírus
ResponderEliminarJoel
Que erro amigo Joel?
Eliminarjogos do campeonato não rendem um milhão por vitória
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