Perigosa 'viagem' à mente de um lagarto - parte 1

Antes de entrar na caixa de segurança da Luz

AVISO

Não tente fazer isto em casa, é demasiado perigoso

WARNING

Don't do this at home, it's too dangerous 

Tentar compreender a mente de um lagarto implica muito sofrimento. Conforme ontem prometi, aqui fica o relato dessa perigosa incursão: (Voltamos a aconselhar a não tentarem isto em casa pois esta 'viagem' foi feita por alguém profissional, suficientemente maluco para ser pouco afectado pela experiência, neste caso, eu.)

Para iniciar a viagem tentei adormecer quase todos os neurónios, quase todos, se abusasse na dose entrava na mente de um andrupto o que seria ainda mais assustador. Passando esta fase entra-se no estado lagarto e começa-se a ver as coisas por outro prisma. A começar pela visão, que tem sempre um tom esverdeado com imagens às riscas como aquelas televisões antigas que tinham de aquecer as válvulas e aqui tive logo a minha primeira conclusão, eles têm razão por causa da rede de segurança, aquilo era verde e impedia o contraste com as restantes coisas verdes que eles vêm a mover-se na relva, ela ainda mais verde.

No restante 'modus vivendi', assim superficialmente, parecem pessoas normais, como nós, havendo alguns até doutorados, mas quando se analisa ao pormenor vêem-se coisas assustadoras. 

Por exemplo, em relação à musica, eles estão todos orgulhosos que o Fado seja Património da Humanidade porque acham que é uma coisa deles, que a Severa era uma Princesa Moura, que o Alfredo era da família dos Marcenneiros, a Amália era Duquesa de Alcântara e o embuçado que ia ouvir o fado lá prós Paços da Raínha (viram... Paços da Raínha...) era, sem duvida, um dos 5 violinos. Além do mais acham que  os maiores seres vivos da actualidade são uma velha de cabelo verde e um velho que se diz fadista a sério.
Com medo de mais descobertas fugi para a parte futebolística da mente e aí chegado é que percebi que esta 'viagem' tem o mesmo efeito daquelas drogas que fazem rir:

O lagarto acorda, e adormece a pensar no Benfica, cada vez que pára num semáforo, por exemplo, acham que está um benfiquista ali escondido, provavelmente o Javi Garcia, a pôr aquilo num vermelho horroroso e que será o Mário Machado, líder do grupo 1143 (ano do nascimento da Maria José Valério) que há-de ser libertado do jugo de juízes lampiões, que vai libertar o país dos sinais vermelhos e aí tudo passará a andar melhor, sem paragens. 

No futebol têm um principio básico: tudo o que veste às riscas é bom, especialmente se tivesse sido formado na academia, com excepção para o Figo e para o Simão Sabrosa que apenas significam erros na engrenagem da fábrica de talentos. Acham por exemplo que o CR7 é famoso porque jogou um ou dois jogos pelo Sporting, que o Eusébio ainda hoje é conhecido no mundo inteiro porque jogou no Sporting de Lourenço Marques e acreditam que o João Pereira pode mesmo ir para o Barcelona apesar de, coitado, ter sido formado nos lampiões, o que o torna assim como o ALF era para aquela família americana, tratam-no como  sendo da casa mas sabem que ele é do outro mundo.

Vêm as competições como uma coisa de somenos importância quando comparadas com o derbi com os inimigos viscerais que ora são carroceiros e sem classe nenhuma, gentalha do povo, ora são o clube do regime, qual? Não importa que a Legião Portuguesa não é para aqui chamada! O melhor exemplo disso foi em 2005, quando podiam ter inscrito o seu nome nos vencedores de uma competição que ainda hoje existe estiveram a 'borrifar-se' para isso só porque, acham eles, que o Luisão mesmo que não tenha tocado no Ricardo disse-lhe certamente com voz de trovão: "Ó labreca tu com essa vozinha não podes cantar o fado em Alcochete" o que devia ter levado o malandro do árbitro a anular esse golo, obviamente irregular.

Não sei se repararam (se não, o melhor é pararem de ler porque podem estar já sobre o efeito 'rastejante') eu usei o termo "estiveram a borrifar-se" que é claramente um termo lagarto (e da Av. de Roma) o que quer dizer que tenho de abandonar este post quanto antes sob pena de começar a achar normal que deitem fogo a um estádio e que agridam bombeiros que o querem apagar porque e atentem na justificação: a camioneta do hóquei do Porto também foi incendiada, segundo dizem... aqui há uns anos... talvez.

Antes de sair deste estado quase vegetativo, ainda descobri outra coisa que me magoou pela nossa incapacidade de os entendermos. Percebi que nós, Benfiquistas, somos, por vezes, muito injustos com a lagartada por exemplo: quando eles falam de Taça Lucílio Baptista, todos nós, seres vermelhos preversos, pensamos que eles estão a minimizar o troféu e a protestar contra essa arbitragem. Nada mais errado: Eles chamam-lhe esse nome como homenagem ao grande árbitro amigo Lucílio Baptista, o último a quem eles podem atribuir culpas numa derrota contra o Benfica, depois disso nunca mais tiveram oportunidade de protestar e, acima de tudo,  nunca mais ganharam o que os faz prestar tributo ao referido árbitro, que ainda por cima é sub-gerente do BES do Feijó o que lhe dá uma certa proximidade ao Presidente elegido mas não-eleito.

Uiui, desculpem tenho mesmo de sair deste post e acordar os neurónios adormecidos.

Um dia destes eu volto a tentar, prometo!!!

P.S. Caso algum dos pouquíssimos Sportinguistas que ainda existem venham a este blogue ler esta odisseia, lembrem-se que, caso não se revejam nalguma coisa pode apenas significar que ainda não estão afectados pela  lagartice aguda.