A Guerra Civil do Benfica, capitulo V

Hoje todos os Benfiquistas dizem que sempre estiveram contra João Vale e Azevedo... poucos são os que dizem a verdade!

Vale e Azevedo chega à presidência do Benfica com um slogan imbatível: "Por um Benfica independente" onde se prometia romper com todo o sistema, com o Oliveiredo, combater os andruptos... quem podia ser contra isto, tirando os oposicionistas?

Ainda por cima utilizou argumentos também eles imbatíveis como:

• ''Rui Costa e Fernando Couto no Benfica se eu ganhar''
• "Se o Rui Costa não vier para o Benfica, demito-me no dia a seguir." 
• ''João Pinto no Manchester United se eu perder''

Foi assim que ele ganhou as eleições com a esmagadora maioria dos sócios do Benfica do lado dele. A sua primeira medida foi romper com a Olivedesportos e assumir uma relação, promiscua no mínimo, com a SIC que passava a transmitir os jogos do Benfica... ou melhor a transmitir os jogos que o 'sistema' deixava, começando a ser trivial o 'diferido' para cumprir umas regras feitas à medida do Oliveiredo.

A Guerra Civil do Benfica alastrou a todo o país por causa dessa medida. A partir desse momento ninguém lhe ficaria indiferente. A banca, dominada pela lagartada (está no inicio o projecto Roquette) corta todo o crédito, ficando o clube impossibilitado de movimentar contas bancárias o que obriga JVA a abrir contas em seu nome para depositar receitas e pagar despesas. - foi como dar um rebanho a guardar a um lobo! - Quando se fizer (um dia, talvez) a verdadeira história deste período, haveremos de descobrir que na capela da Carregueira, mesmo em frente ao altar, devia estar mais gente a assistir às missas acolitadas por  Vale e Azevedo.

Até aqui ainda Vale e Azevedo mantinha uma popularidade ímpar no Benfica, o problema surge quando a malta percebe que nem o Rui Costa nem o Fernando Couto vieram para o Benfica, nem nunca os seus clubes tiveram contactos do Benfica para esse efeito. Começa aí uma mudança de atitude dos sócios em relação a ele, mudança que se inicia lentamente, mas que culmina depois na derrota eleitoral.

Pelo meio fica a mais brutal Guerra Civil que se pôde assistir num clube. Vale e Azevedo tem a SIC, a oposição tem a TVI e os andruptos a RTP (como agora, claro). Ninguém fica indiferente e até se chega ao ponto de actuais dirigentes festejarem derrotas do Benfica só para se verem livres dele. As opiniões mudavam quase da noite para o dia, sem ninguém se importar muito com a coerência num jeito de 'no amor como na Guerra vale tudo'. 

Era nessa altura, o director financeiro do Manchester United, a maior estrela mediática de Portugal, assim uma espécie de casal Mccann mas 'em espantado' pois ele não percebia porque lhe perguntavam aquilo. - Para quem não se lembra, a pergunta mais utilizada era a seguinte: - "Se o Benfica não pagar ponderam recorrer à UEFA e à FIFA?" - claro que o desgraçado do Inglês dizia que sim, muito a medo e isso dava primeiras páginas de jornal e 4 ou 5 minutos de abertura de TVI-Jornal -  dia sim-dia não. 

Poderão os meus amigos que se lembram dessa altura dizer: "Ah isso eram os jornalistas da treta". Não meus amigos... isso nessa altura não existia, eram apenas soldados de um dos lados.

Por exemplo: Vale e Azevedo contratou no seu mandato dois dos melhores treinadores do Mundo, Jupp Heynckes e José Mourinho, hoje sabemos isso sobre Mourinho mas já sabíamos sobre o alemão, no entanto foi tratado pela oposição como um traste que de futebol percebia menos que o 'Zé Manel taxista' que nessa altura 'entra' também na Guerra!

O ambiente era de cortar à faca com assembleias gerais inflamadas e apaixonadas. É, agora, também costume ouvirem-se gabarolas afirmar que têm marcas no corpo dessas assembleias... faz-me lembrar o tuga que não tendo estado em nenhuma guerra e não podendo ostentar cicatrizes de Bagdad City, mostrava as que tinha obtido em apende... apendecite, eles são iguais. Dizem que têm cicatrizes das assembleias como se todos eles fossem a reencarnação do Jorge Maximo ou do Jaime Antunes, personalidades, essas sem, que iam mesmo tendo o passo acertado por uma turba que se prestava a esse serviço, de coração. Quem diz que havia ali, naquelas batalhas, mercenários está também a mentir... eram bestas, brutamontes de coração que acreditavam naquilo... nas patranhas de um lado e outro e que iam disposto 'a tratar' da outra parte, que normalmente estava escudada atrás do ecrã de televisão uns dias antes, no debate, quase diário que havia sobre o Benfica.

Este clima belicista foi em crescendo, dia após dia até ás eleições onde o Mario Jardel faz o papel de Rui Costa nas eleições anteriores e... muda de novo o ciclo. Ciclo esse que se mantém até hoje e que será tratado no próximo capitulo. 

Vale e Azevedo sai escorraçado e perseguido. Condenado por várias fraudes sendo o novo Alves do Reis tal a forma como conseguiu enganar até a justiça Inglesa. Saber onde nasceu este burlão não é o objectivo deste post mas apostaria que a ocasião neste caso, fez o ladrão.

P.S. Pode ler os capítulos anteriores aqui: capitulo I, capitulo II, capitulo III e capitulo IV