Em defesa de Miguel Sousa Tavares

Francisco Sousa Tavares na tarde de 25 de Abril de 1974

no Largo do Carmo, em cima da guarita da GNR

 de megafone na mão apelando à multidão que 

cumprisse as ordens do capitão Salgueiro Maia.

Não gosto de Miguel Sousa Tavares, é daqueles meninos mimados, tão cheios de certezas, que nunca erram o chão quando cagam (isto falando bem e depressa). Mesmo quando concordo com ele - e nos assuntos ecológicos e alguns de cidadania costumo concordar - irrita-me o seu estilo.

Em relação ao Miguel Sousa Tavares, comentador desportivo então, é das criaturas que mais nojo me causa, não só pelas suas opiniões como adepto mas especialmente e usando um verso de sua mãe, "vemos, ouvimos e lemos não podemos ignorar", não ignorando o activista pela verdade e transparência na vida publica que ele é com o defender da coisa opaca que ele faz no futebol.

Dito isto e indo directo aos factos aqui fica a noticia:

"Alvo de um processo cível por parte do FC Porto, que pede uma indemnização de 1 milhão de euros, o jornalista e escritor Miguel Sousa Tavares já reagiu: “É claramente uma tentativa de intimidação”, disse ele ao jornal “i”, esta manhã.

Na origem do processo movido pela SAD portista está uma crónica publicada por Miguel no jornal “A Bola” sobre o negócio da transferência do jogador Ghilas do Moreirense para os “dragões”.

Nesse texto, o comentador pôs em causa a verdade contabilística da operação, referindo que não acreditava que o Moreirense tivesse recebido 3,7 milhões de euros por metade do passe de Ghilas.

Os dirigentes da SAD azul e branca não gostaram e avançaram com o processo, deixando Miguel Sousa Tavares, por sinal famoso adepto portista, particularmente furioso.

"Sinto uma facada nas costas. Há 15 anos que escrevo n'A Bola, nunca levei um processo, e agora é o meu clube que me faz isto. Mas não confundo o clube com as pessoas da SAD", disse o jornalista ao “i”.

"Deve ser o maior processo de indemnização que alguma vez deu entrada no tribunal de Lisboa, um milhão de euros. É claramente uma tentativa de intimidação. Até porque vou ter de pagar as custas do processo, que são uns milhares de euros à cabeça”, acrescentou.

Miguel promete dar tudo por tudo em sua defesa: “Tudo o que eu tiver em casa, desde fisgas até bazucas, eu vou usar, como é óbvio. Acho que o FC Porto se vai arrepender, por vários motivos, de ter posto o processo. Mas a decisão é deles", concluiu.

Miguel Sousa Tavares foi processado pelos andruptos por uma opinião no pasquim do Serpa ainda por cima o advogado é Gil Moreira dos Santos.

E é aqui que entra a minha costela de democrata e o meu dever cívico de defender o MST.

Parece-me surreal que quase 40 anos depois da imagem que encima este post, o filho do homem que teve um papel tão activo naquela celebre e decisiva tarde possa estar a ser processado pelo clube protegido do antigo regime, representado por um juiz do antigo Tribunal Plenário que em tão boa hora foi extinto na sequência daquela imagem e ainda por cima processado por um delito de opinião.

40 anos após o 25 de Abril, só a admissão desse processo por parte do tribunal de Lisboa é um crime histórico à memória daqueles que, naquele dia, lutaram para acabar precisamente com isto.

Sempre sonhei, metaforicamente falando, enviar MST para o Tarrafal na ponta de uma baioneta da revolução Benfiquista que libertaria o país do jugo andrupto  (ainda bem que era metaforicamente pois deve ser difícil nadar e segurar a baioneta ao mesmo tempo) no entanto, agora, ofereço-me para acompanhar MST na prisão onde este regime andrupto o quer colocar seja na Rua António Maria Cardoso, seja no Aljube, em Caxias, ou em Peniche pois abomino a censura... toda a censura!!!