Como encher sempre o Estádio da Luz.

Desde há muito tempo que venho defendendo a ideia de que alguma coisa deve ser feita para alterar as fraquissimas assistências, que um clube como o nosso vem conseguindo na Catedral.

Em 17 de Setembro de 2011, fez curiosamente na passada terça-feira dois anos, publiquei aqui neste espaço um post acerca deste assunto:

Contrata-se tanta gente, incluindo um Coordenador do Gabinete de Inteligência Desportiva, se calhar bem,  e não se consegue contratar uma daquelas vedetas de Vending, Markting and so one... para comercializar o nosso principal produto: Espectáculo de Futebol?  

Um clube com a dimensão do Sport Lisboa e Benfica com muitos milhões de adeptos e com, apenas 65.000 lugares no Estádio não pode ter uma única cadeira vazia.  

Faz-me muita confusão como é que tendo um mercado 4 ou 5 vezes maior que os Andruptos apenas temos (e quando temos) 10 ou 15% mais espectadores que eles, fruto, não de uma grande mobilização da nossa gente, mas sim do facto de o nosso Estádio ter mais lugares.  

Um bilhete para a Catedral da Luz tem de ser algo raro, algo que nos faça comprar com semanas de antecedência com medo que esgote.  

Um boa politica de venda de bilhetes, podia até nem dar mais receita no curto prazo, mas criava uma dinâmica comercial que traria no médio prazo à Luz, o (saudoso) Zé Candongueiro*,  e isso seria sinal de que o bilhete para aquele espectáculo voltava a valer mais que o seu valor facial e então possibilitava aumentos graduais e aí grandiosas receitas. 

Passado dois anos o problema em vez de ter sido solucionado apenas se agravou e os 29393 espectadores que se deslocaram à Luz na terça-feira mostram que podemos ser grandes em tudo menos em militância presencial.

O mês passado defendi aqui a morte ao Red Pass e quase fui crucificado. Por isso a ideia que vou explanar conta apenas para a Champions pois para a Liga há os tais ditos Red Pass e contra isso nada se pode fazer, nem mesmo baixar os preços dos bilhetes porque quem comprou Red Pass sentir-se-ia, e bem, enganado.

Antes de mais gostaria de contar uma história aos jovens que aqui vêm ler este blogue. Eu, como muitos meninos da minha idade começámos a ir ao jogos da Luz 'à boleia de sócios'. E que era isso 'à boleia de sócios'? A malta com menos de 12 anos (os mais baixinhos podiam até utilizar este truque até aos 14) ia para o Estádio da Luz, cedo e pedia a um sócio se o deixava entrar com ele. E entrávamos. Depois lá dentro cada um ia para o seu lado e apenas tinhas de dizer obrigado ao sócio que nos deixava entrar com ele.

Mais tarde ainda tive a honra, porque era assim que eu encarava, de dar entrada a outros putos que apenas precisavam de um sócio que lhes desse 'boleia' na entrada do Estádio.

Esta forma, absolutamente primitiva, de entradas no Estádio encerrava em si mesmo um dos mais importantes conceitos de marketing: o criar do desejo. Durante décadas além de formar grandes jogadores e grandes equipas o Benfica criava adeptos desejosos de ir ao Estádio. 

Lembrei-me desta forma primária de marketing quando no outro dia, num treino do meu filho alguém me perguntava como é que, eu nascido e criado em Lisboa tinha aos 43 anos, vindo viver para uma pequena cidade. Respondi-lhes que a única coisa de que sentia falta era do Estádio da Luz... e é verdade. Com os amigos, falamos por telefone ou por mail ou pelo FB, um ou outro espectáculo, é só esperar pelo verão e o mais certo é aparecerem aqui todos, a única coisa insubstituível é mesmo o Estádio da Luz, que continua lá, agora a 300 Km. Este desejo que sinto de ir à Catedral foi implantado ainda miúdo através dessas 'boleias de sócios' 

A técnica de marketing que cria o desejo está também ligada à criação da noção de raridade do produto inventada, por Enzo Ferrari ao decidir que cada modelo produzido pela sua marca, tivesse sempre menos uma unidade que o modelo anterior de modo a ser ainda mais valioso.

Feito o enquadramento aqui fica a minha ideia para bilhética nas competições europeias:

1. Venda de bilhetes apenas até 2 dias antes do jogo. 
2. Todos os lugares sobrantes eram convertidos em convites
3. Funcionários do clube iriam, na véspera do jogo, às escolas EB2/3 distribuir os convites.

A receita seria a mesma, o estádio estaria cheio de jovens entusiastas, futuros fregueses assíduos e estava criada a ideia que um bilhete na Catedral era algo de valioso. 

E é isto... vá... está aberta a sessão de ofensas ao autor em 5...4...3...2...1

P.S. na realidade este ultimo paragrafo também é uma técnica de marketing por isso sejam meigos