quinta-feira, 14 de agosto de 2014

A Leonor profere a frase mais certeira sobre BdC



Cronica de hoje da Leonor Pinhão

(a frase certeira sobre BdC é a que foi por nós sombreada)

Tantas vezes o cântaro vai à fonte

Lamento que o Benfica tenha concordado em trazer para casa uma réplica inteira da Supertaça conquistada no domingo em Aveiro quando ficaria bem melhor no seu Museu a Supertaça originalmente recebida das mãos do presidente da FPF e que não durou mais de cinco minutos inteira nas mãos do nosso guarda-redes Paulo Alves. 
Foi a quarta vez no espaço de três meses que Paulo Lopes se empoleirou na barra de uma baliza exibindo, contentíssimo ele e contentíssimos nós, uma taça conquistada pelo Benfica. 
E “tantas vezes o cântaro vai à fonte que um dia deixa lá a asa”, assim reza um provérbio popular. Foi precisamente o que aconteceu em Aveiro, felizmente. 
Como utente do Museu do Benfica teria mais vontade em ir lá ver em exposição a taça partida – porque, essa sim, faz parte das nossas memórias -, do que a taça inteira, que é uma segunda via da primeira.
Aliás estas novas taças envidraçadas das provas da Federação – como a do campeonato e a da supertaça – são feíssimas. Gostos não se discutem é bem verdade, mas registam-se. 
Triste ideia esta de reformar os bonitos troféus inquebráveis em madeira e casquinha – prata não seria com certeza – que durante tanto tempo valiam por símbolo de títulos. Vá lá que escapou, por enquanto, a Taça de Portugal que, como objecto, mantem o seu esplendor de décadas.
Compreendem, por todo este arrazoado, que não lamentei minimamente o facto de o nosso guarda-redes ter partido o caneco que, sendo de vidro, agora é mais caneca. Francamente, até gostei.
O FC Porto pode ter já conquistado muitas Supertaças mas não tem nenhuma como a nossa, partida. Era isto que fazia a diferença e era isto que ficava a matar no nosso Museu.
A Supertaça é a Taça da Liga do FC Porto. Certamente que causou impressão aos portistas ver o Benfica ganhar aquilo que é deles. Também um dia nos fará, com certeza, impressão ver o FC Porto ganhar uma Taça da Liga. Mas os adeptos têm sempre de estar preparados para tudo. Até para estas coisas que envolvem os troféus menores do futebol português.
No entanto, a conquista de um troféu oficial no arranque da temporada soube muito bem ao Benfica depois de uma pré-temporada sem motivos para exaltações triunfais, antes pelo contrário. 
Há três meses que o Benfica e os benfiquistas não ganhavam um título, há três meses que o Paulo Lopes não subia a uma baliza e tudo isto já estava a deixar as nossas gentes inquietas, incomodadas.
Mas no domingo, em Aveiro, o campeão voltou. Já não era sem tempo.

Tem sido muitas as vozes a defender Artur depois de o instável guarda-redes do Benfica ter defendido três grandes penalidades na decisão da última Supertaça. 
Quim, que já foi guarda-redes do Benfica e por uma vez guarda-redes campeão, Diamantino que foi “capitão” do Benfica e tantas vezes campeão, foram dos primeiros a exercer a sua solidariedade para com o guarda-redes brasileiro.
Ambos, por palavras diferentes, chegaram à mesma conclusão: a pressão dos adeptos é terrível e não é fácil ser-se guarda-redes do Benfica.
Concordo plenamente com a primeira parte da mensagem. De facto, a pressão dos adeptos é terrível. Em parte porque sendo adeptos de um clube que se afirma candidato a todos os títulos que disputa são adeptos, por natureza, avessos a qualquer tipo de debilidades funcionais, seja em que posição for da sua equipa.
Com a segunda parte das mensagens de solidariedade para com Artur, que me desculpem, mas já não concordo assim, de ânimo-leve, embora aceite e abrace o espírito benevolente que a inspirou. Não é fácil ser-se guarda-redes do Benfica? Depende.
Se alguém se lembrar de ir perguntar ao Zé Gato, ao Michel Preud’homme e ao Jan Oblak se, para eles, foi fácil ou difícil ser guarda-redes do Benfica, a resposta todos sabemos qual é. E se ainda se pudesse perguntar a Manuel Bento e a Robert Enke precisamente a mesma coisa, a resposta todos saberíamos qual ia ser.
Não é pelo prazer infame da crueldade que os adeptos do Benfica, ou de outro emblema qualquer, agonizam ruidosamente nas bancadas perante a instabilidade de um guarda-redes ou de um titular de qualquer outra posição. Não é por maldade. É dos nervos.

Da instabilidade do guarda-redes está tudo dito. Da instabilidade dos adeptos ainda falta dizer uma coisinha. Sim, porque os adeptos são tão instáveis quanto o são os guarda-redes. Um exemplo? Na noite de domingo, assistindo à decisão da Supertaça no desempate por grandes penalidades, quantos de nós não chegámos à conclusão, por ventura precipitada, de que, se calhar, teria sido melhor pôr a jogar o Artur em vez do Oblak na final da Liga Europa com o Sevilha?
- É que o Oblak não defendeu nem um penalty! – ouvi logo dizer assim que o Artur agarrou pela terceira vez a bola.
É maldade? Não, é dos nervos.

O Real Madrid venceu a Supertaça europeia com dois golos e uma bela exibição do Cristiano Ronaldo que não víamos jogar desde o Mundial, envergando bisonhamente com a camisola da selecção portuguesa. 
Na verdade, o futebol, por muitos príncipes de que disponha, é será sempre um jogo colectivo, um jogo de equipa. E que equipa tem o Real Madrid.

O Sevilha fez o que pôde. Também é verdade que, tal como acontece com o Benfica, venderam meia equipa. Não é que tenham saído meia-dúzia de jogadores da equipa que nos tirou a Liga Europa, nada disso. É que Rakitic, que valia por meia-equipa, foi vendido este Verão ao Barcelona. 

Um zapping rápido na noite de terça-feira e na Sporting TV um locutor anuncia a iminência da transmissão de uma entrevista exclusiva com o presidente do clube onde, entre outros assuntos, revelará “de quem é a culpa de o passaporte do Shikaba ainda não ter o carimbo que lhe permitirá sair do Egipto”. Irresistível.
Anteontem, Bruno de Carvalho concedeu, portanto, uma entrevista à Sporting TV. Não é coisa do outro mundo. É, precisamente, o que fazem os outros dois presidentes dos dois outros grandes com as suas respectivas estações televisivas sempre que o consideram necessário. 
Resume-se em poucas palavras a mensagem transmitida por Bruno de Carvalho:
A poucos dias do início da sua época oficial e depois de ter ganho três troféus na pré-temporada, o Sporting, apesar dos jornalistas, dos jornais, dos fundos financeiros, da anterior Direcção, do Dier e do pai do Dier, está a 99 por cento e “vai investigar a falha do carimbo no passaporte do Shikabala”.

O presidente do Sporting vai, certamente, ganhar muitos atos eleitorais. Ganhar campeonatos nacionais é que lhe vai ser mais difícil porque já não depende apenas da sua verve metálica.

No final da semana passada, no mesmo dia em que os jornais davam conta de um suposto envolvimento de emblemas nacionais num “esquema de manipulação de resultados com o objectivo de retirar proveitos das apostas desportivas”, o secretário de Estado do Desporto e da Juventude confiava aos mesmos jornais que está para ser aprovada “nos próximos meses” a legislação com vista a regular a prática de jogo e de apostas on line.
“Já temos autorização legislativa da Assembleia da República para fazermos agora a legislação”, disse Emídio Guerreiro a “A Bola”.
Vai passar a funcionar, assim, num quadro legal, aquela que é a maior ameaça que o crime organizado faz pender sobre a “ indústria” do futebol na actualidade. É o que garantem todos os especialistas na matéria dentro e fora de portas. Tema-se o pior.

“Pinto da Costa é o Al Pacino da FC Porto”, afirmou Benni McCarthy, que jogou no FC Porto entre 2003 e 2006, numa entrevista à RTP. Trata-se de um elogio. Escusam de se atirar para conclusões precipitadas.

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